Saber lidar com o choro, a limpeza, o conforto e a amamentação do filho ajuda a mãe de primeira viagem a curtir essa fase
Toda a leitura feita e todos os conselhos ouvidos ao longo dos meses de gestação ajudam a futura mamãe a se preparar para a chegada do bebê. Mas existem situações que só serão compreendidas e dominadas na prática, quando a família voltar da maternidade para casa com o recém-nascido no colo. “A convivência faz a mãe entender o filho, suas rotinas e suas necessidades”, diz Olívia Bernardes, pedagoga e criadora do Marinheira de Primeira, um curso de primeiros cuidados com o bebê.
Por mais óbvio que possa parecer, lembrar que o recém-nascido é um pequeno ser humano para quem este mundo é todo novo e estranho auxilia muito na hora de lidar com ele. Thalita Halasc, enfermeira do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, explica: “Depois de meses restrito à barriga da mãe, o bebê sente uma insegurança natural ao encarar o espaço aberto a que é submetido. Sente calor, frio, desconforto, o corpinho dói. Os pais têm que levar isso em consideração para ajudá-lo na adaptação dos primeiros meses e entender que ele vai chorar porque não tem outra forma de se expressar”.
O que significa esse choro?
O choro: eis o maior desespero das mães de primeira viagem. Até entender o que cada manifestação significa - e isso pode levar alguns meses -, os adultos ficam com os cabelos em pé tentando adivinhar qual é o problema. Para facilitar, siga uma ordem de procedimentos.
Primeiro, pense na alimentação. Está na hora da mamada? Seu filho mamou bem na última vez (pode não ser exatamente o horário, mas que ele esteja com fome por ter mamado pouco anteriormente)? Se a resposta for sim para uma das perguntas, é muito provável que o choro seja de fome e que ele só precise de uma refeição. “O bebê também pode estar precisando arrotar. O arrotinho dado antes de deitar pode não ter sido suficiente”, alerta Olívia.
Caso não seja fome, verifique a roupa do recém-nascido. Veja se ela está apertada, se há alguma etiqueta em lugar inconveniente (normalmente perto da nuca ou na lateral da cintura), se ele está suando por vestir muitas peças. “As mães têm medo de que o bebê fique doente por ‘passar frio’, mas ele sente tanto calor quanto qualquer um de nós. Se a nuca estiver molhada, pode tirar um pouco de roupa, para ele ficar mais confortável”, aconselha Thalita.
Está tudo certo com a roupa? Então passe para a fralda. Talvez ela esteja apertada demais e seja preciso afrouxar um pouco a cintura. Ou, mais comumente, o bebê tenha feito xixi ou cocô e isso o esteja incomodando. Nesse caso, a solução é simples: troque a fralda.
Se não for nada disso, a sugestão de Olívia é que a mãe ceda ao instinto e pegue o bebê no colo: “Muitas vezes, ele só quer carinho, calor humano. Um recém-nascido pode se sentir desamparado e chorar para conquistar o aconchego dos braços de um adulto”.
Bebê limpinho em todas as situações
Um recém-nascido precisa, em média, de oito trocas de fralda por dia. Embora os lenços umedecidos sejam muito práticos para limpá-lo, é melhor deixar para usá-los esporadicamente, em situações fora de casa (em uma festa ou uma ida a um restaurante, por exemplo) – e com o cuidado de escolher lenços sem perfume, “pois os perfumados podem irritar a pele do bebê”, segundo Thalita.
Em casa, a forma ideal de tirar o excesso de fezes e urina do corpinho de seu filho é com algodão molhado apenas em água (que não precisa ser filtrada), sem sabonete. “Se tiver passado pomada, use outro pedaço de algodão com óleo específico para bebês para retirar a camada do produto”, recomenda Olívia. Thalita, por sua vez, é contra a utilização indiscriminada de pomadas. “Seu uso rotineiro escraviza a pele do bebê. Ela fica mais fina e sensível e, se não passar a pomada, vai assar. Só se deve lançar mão de pomadas sob orientação médica”, defende.
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Além da limpeza rotineira, um momento importante na higiene do recém-nascido é o banho diário. É normal mães e pais ficarem inseguros quanto ao desempenho nessa função, principalmente quando o filho chora. “Ele vai chorar quase sempre nos primeiros meses. É o medo do desconhecido, daquele mundo todo ao redor dele. Os pais não precisam ter medo de estarem fazendo errado”, tranquiliza Thalita.
Importante nos banhos é segurar o corpo do bebê com firmeza, apoiar bem a cabeça dele e deixar tudo preparado (banheira, produtos, toalhas) antes de efetivamente despi-lo para a lavagem. A temperatura da água precisa estar em torno de 36°C e o sabonete deve ser o mais prático possível. Olívia indica os líquidos com válvulas de saída ativadas pela aproximação da mão do adulto. “É difícil segurar o bebê e apertar o frasco”, justifica.
O coto umbilical
Uma preocupação relacionada ao asseio do recém-nascido é o cuidado com o coto umbilical, que cai em um período de uma a duas semanas. Ele deve ser limpo uma vez por dia, sempre logo depois do banho, com cotonete embebido em álcool a 70%.
“O bebê não sente dor nessa região. Se sangrar, a mãe pode limpar normalmente com o cotonete”, afirma Thalita. Depois que o coto cair, a limpeza com álcool pode ser feita por mais três dias e, então, suspensa. Daí para a frente, a higiene é a mesma do resto do corpo.
Barriga para cima
No carrinho ou no berço, a recomendação atual do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Unicef é que os bebês sempre fiquem com a barriga para cima e com a cabeça para a frente ou para o lado. “Dessa forma, o risco de afogamento com o vômito é menor. Se ele engasga, tosse e é acudido”, esclarece a enfermeira Thalita.
Como o recém-nascido ainda é muito “molinho”, Olívia sugere que a mãe firme a cabeça dele com apoios confortáveis. “Dois bons auxiliares são uma almofadinha no carrinho e um travesseiro antirefluxo no berço”, exemplifica.
Amamentação
No primeiro mês de vida, o recém-nascido deve ser alimentado no esquema de amamentação por livre demanda. Isso quer dizer que, sempre que ele tiver fome, vai se manifestar (pelo choro, sua única forma de expressão) e mamar. Passados esses 30 primeiros dias, o padrão é que ele comece a ir para o peito da mãe de três em três horas.
Mas não é preciso dar uma de general: abre-se uma exceção durante a noite, como assegura Thalita: “Se o bebê mamou bem antes de ir para o berço, deixe-o dormir e despertar naturalmente quando sentir fome. Não é preciso acordá-lo para cumprir rigorosamente o intervalo de três horas. Forçar nunca é bom”.
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